segunda-feira, 9 de maio de 2011

“A flor e náusea”

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.
...
... É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade


3 comentários:

Peônia disse...

Nossa adoro essa poesia!
Excelente escolha Samuel!
Flor é uma coisa singular mesmo.

Como um dia escreveu certo anjo:
"Saudades do que nunca vi tem sido cada vez mais forte em minha vida..."!

Beijos meu Szerelem.

Peônia disse...

Ah, em tempo: andas inspirado hein?! =)

Peônia disse...

"Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tempo incapazes de ver uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que recomponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome"...

C. F. Abreu